CURITIBA - A empresária curitibana Adriane Bonato, de 37 anos, estava no restaurante Windows of the World, no 107 andar da Torre Norte do World Trade Center, em Nova York, quando percebeu que esquecera o contrato que devia entregar a um agente turístico sobre o balcão do café de uma amiga na Canal Street. Constrangida, pediu que ele aguardasse mais dez minutos e correu para a porta do elevador. Foi a sua salvação.
No 14 andar, um estrondo interrompeu a descida. Logo depois, as luzes se apagaram e o sistema de emergência foi acionado. A princípio, as cinco pessoas que estavam no elevador pensaram tratar-se de um cabo rompido. Minutos depois um bombeiro abriu a porta e ajudou-as a sair.
— A ordem dele foi: “Desçam pelas escadas e não olhem para trás, o fogo está tomando conta dos prédios.”
INFOGRÁFICO : Outras vidas marcadas pelo 11 de Setembro
Adriane chegou ao térreo a tempo de ouvir o segundo estrondo. A fumaça negra e a fuligem a impediam de ver qualquer coisa. Percebeu que várias pessoas acenavam da janela usando camisas e camisetas como bandeiras. Foi então que alguns começaram a se jogar.
— Estavam chovendo corpos e, na confusão, eu pisei em alguns deles.
Um suicida quase esmagou Adriane. O impacto provocou uma lesão em sua perna esquerda e a deixou desacordada por minutos. Quando se levantou, ouviu a ordem de um bombeiro para que deixasse o local. Logo depois a Torre Sul desabou. Minutos depois, a Torre Norte.
Adriane conta que levou cerca de quatro horas até conseguir deixar o perímetro onde ocorrera o ataque terrorista. Depois, seguiu andando por cerca de 37 quadras até encontrar o apartamento de sua sócia e implorar por um banho de chuveiro.
— Eu estava lavada de sangue. E sabia que não era meu. Era da pessoa que havia se jogado do prédio. Fiquei sentada dentro da banheira, deixando a água do chuveiro cair. Não conseguia falar com ninguém. Só chorava.
Adriane chegou a ser considera morta em uma lista expedida pela Embaixada do Brasil nos EUA — corrigida antes que fosse divulgada. Dez anos depois, ela conta que só conseguiu encarar o fato de estar viva com a ajuda de um longo tratamento terapêutico. Hoje consegue falar no assunto. Mas há três anos, recusava-se.
— Esquecer, eu não vou esquecer nunca. Você sabe como enfrentar uma enchente, um furacão e até um terremoto. Mas não sabe qual é a dimensão de um ataque terrorista, o horror que ele provoca. Eu estou falando sobre o 11 de Setembro e agora sei que vou ter pesadelos. Toda vez é assim.
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Um comentário:
Imaginem o que sentem os que conseguiram sobreviver a esta tragédia a exemplo do que diz esta que sobreviveu conforme um dos seu relatos registrados em seu post bem assim: — Esquecer, eu não vou esquecer nunca. Você sabe como enfrentar uma enchente, um furacão e até um terremoto. Mas não sabe qual é a dimensão de um ataque terrorista, o horror que ele provoca. Eu estou falando sobre o 11 de Setembro e agora sei que vou ter pesadelos. Toda vez é assim.
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